Conhecer o significado da morte para diversas religiões é muito importante para
quem atua no ramo funerário. Cada crença religiosa interpreta de maneira
diferente o falecimento de uma pessoa. Respeitar os rituais é um dever
humanitário. Confira o significado da morte para algumas religiões (em ordem
alfabética):
Conhecer o significado da morte para diversas religiões é muito importante para quem atua no ramo funerário. Cada crença religiosa interpreta de maneira diferente o falecimento de uma pessoa. Respeitar os rituais é um dever humanitário. Confira o significado da morte para algumas religiões (em ordem alfabética):
BUDISMO
Significado:
Para os budistas, a morte é a única
certeza. "Se nos lembrarmos da inevitabilidade da morte, geraremos
o desejo de usar nossa preciosa vida humana de modo significativo",
diz Ani-la Kelsang Pälsang, do Centro Budista Mahabodhi.
Treinamento:
Os budistas acreditam que treinando a mente
durante a vida, o indivíduo estará tranquilo e sereno quando chegar a hora de
morrer, o que garantirá um renascimento afortunado.
Reencarnação:
Os seguidores do budismo acreditam na
reencarnação. "A única coisa que passa de uma vida para outra é
nossa mente sutil. Como um pássaro mudando de ninho em ninho. Buda compara o
processo de morrer e renascer com o ciclo de dormir, sonhar e despertar",
diz Ani-la.
Reflexo da vida:
De acordo com o budismo, toda ação em vida
influencia decisivamente na vida futura. Para Buda, se a pessoa quiser saber
quem foi no passado, basta olhar para sua condição no presente.
Ajuda:
Diante da morte, os budistas procuram manter
o equilíbrio e ajudar os amigos ou parentes que estejam morrendo. Evitam o
choro e o desespero para que a mente da pessoa permaneça positiva.
Rituais:
No Japão, de acordo com a monja zen-budista
Coen de Souza, usam-se flores dentro do caixão, tradicionalmente, e, além
disso, uma tigela com arroz cozido, água, um vaso com flores, velas e incenso
são colocados sobre uma mesa para que nada falte ao morto.
Os budistas têm vários rituais funerários. Um
deles é o powa (transferência de consciência), quando toda prece feita com
intenção de ajudar o morto é válida e traz benefícios.
Não há luto:
Há apenas preces e dedicação dos pensamentos
positivos à pessoa que morreu. No entanto, nos lugares mais tradicionais, como
no Japão, a família guarda até 49 dias de luto como sinal de respeito.
Cremação:
Desapegados das coisas materiais e não se
preocupam muito com o cadáver, portanto não são contra cremação. As cinzas
poderão ser depositadas em um templo, altar doméstico ou devolvidas à natureza.
CANDOMBLÉ
Significado:
De acordo com a crença do candomblé, as
pessoas são formadas por elementos constitutivos perecíveis e imperecíveis. A
parte imperecível é chamada de ORI (cabeça interna, destino).
Vida após a morte:
Os seguidores do candomblé acreditam na
continuidade da vida por meio da continuação da força vital. O ORI volta
dentro da mesma família, mas em outro corpo.
Rituais:
O corpo do iniciado no candomblé geralmente é
velado no terreiro. O rito funerário, chamado de axexe, começa depois do
enterro e costuma ser longo, podendo durar vários dias.
A sociedade é chamada para participar do
axexe, rito pelo qual o espírito do morto é encaminhado para outra terra. Na
ocasião, os assentamentos -elementos simbólicos e materiais- são quebrados e
jogados em água corrente.
CATOLICISMO
Significado:
Para os católicos, a morte é uma passagem.
"Não existem mortos, mas vivos e ressuscitados. O Senhor nos toca e nos
reerguemos para a vida eterna", diz o padre Paulo Crozera, coordenador da
pastoral Universitária da PUC-Campinas.
Não há reencarnação:
Os seguidores do catolicismo acreditam que a
morte é o batismo definitivo, o caminho para a vida eterna. Para eles, corpo e
alma são uma só coisa. A reencarnação não é aceita.
Rituais:
Os católicos velam os corpos do mortos e,
além das orações populares que costumam ser feitas durante o velório católico,
como o Pai Nosso e a Ave Maria, um padre ou ministro leigo das Exequias faz uma
celebração para encomendar a vida da pessoa às mãos de Deus. Nesse ritual, há a
celebração da passagem do morto à luz do mistério da morte, por meio de orações
e da benção do corpo.
Simbolismo:
As velas, colocadas ao lado do caixão,
simbolizam a luz do Cristo ressuscitado, e as flores são a "primavera da
vida que floresce na eternidade".
Celebrações:
O corpo pode ser enterrado ou cremado. No
momento do enterro, há a "benção do túmulo", cujo objetivo é pedir o
acolhimento do corpo pela terra. Depois de enterrado, ocorrem celebrações em
memória do morto no sétimo dia, no primeiro mês e no primeiro ano.
ESPIRITISMO
Significado:
Para os seguidores do espiritismo, a morte
não existe. O espírito usa o corpo físico como instrumento para se
aprimorar. "O corpo é uma veste e a reencarnação serve para o
espírito evoluir", diz Ana Gaspar, das Casas André Luiz.
Reencarnação:
Quando o corpo morre, o espírito se desliga e
fica no mundo espiritual estudando e se preparando para uma nova encarnação.
Com a reencarnação, o espírito adquire experiências e evolui em outro corpo
sucessivamente.
Rituais:
Os espíritas velam e enterram seus mortos da
mesma maneira que os demais religiosos. Durante o velório, fazem preces e
procuram manter o equilíbrio porque o espírito do desencarnado pode continuar
por perto durante um período.
Os espíritas não usam velas nem flores nas
cerimônias fúnebres. O corpo pode ser enterrado ou cremado. Não existe luto e a
vida dos familiares segue normalmente. "O espírita não tem fé, ele tem
certeza", diz Ana.
Rituais:
Para cremação costuma-se aguardar mais de 72
horas
ISLAMISMO
Significado:
Para os seguidores do islamismo, a morte é
uma passagem desta vida para outra eterna. "Quem fizer o bem será
julgado por Deus e vai para o paraíso. Quem fizer o mal também será julgado e
irá para o inferno", diz Abdul Nasser, secretário-geral da Liga
Juventude Islâmica do Brasil.
Os muçulmanos acreditam que o corpo após a
morte não significa mais nada, mas a alma continua tendo valor. A morte se dá,
portanto, quando o corpo se separa da alma.
Rituais:
De acordo com as leis islâmicas, o corpo do
morto é lavado pelos familiares -sempre do mesmo sexo- e enrolado em três panos
brancos. Depois, é colocado num caixão para que os parentes mais próximos se
despeçam dele.
Em seguida, o corpo é levado à mesquita do
cemitério islâmico e a partir deste momento apenas os homens participam da
cerimônia. O sheik faz as orações para a alma da pessoa, numa celebração que
dura cerca de duas horas.
O caixão é carregado para o túmulo, composto
por quatro paredes de pedra, onde o corpo será colocado sem o caixão em que foi
transportado. O buraco é tampado com pedras e só depois de totalmente fechado a
terra é jogada sobre a tampa.
Não há cremação
A cremação do corpo não é permitida pelas
leis islâmicas.
O luto pela pessoa morta dura três dias. No
entanto, quando a mulher perde o marido, o tempo de luto é de 4 meses e 10
dias. Na ocasião, a mulher não pode sair de casa, a não ser em caso de
emergência.
Pela tradição muçulmana, quando a mulher
perde o marido e está no começo de uma gravidez, ela deve se despedir passando
debaixo do caixão, para mostrar aos presentes que espera uma criança.
"Acreditamos num Deus único, absoluto e
individual, que jamais gerou ou foi gerado", diz Nasser.
JUDAISMO
Significado:
Para os judeus, a morte não é o final da
vida, apenas o fim do corpo, da matéria. "A verdadeira pessoa, que
é a alma, é eterna", diz o rabino Avraham Zajac.
Reencarnação:
Os seguidores das leis judaicas acreditam na
existência de outro mundo, para onde as almas vão, chamado de olam habá (mundo
vindouro). No entanto, a alma pode voltar para a terra, num outro corpo, para
completar sua missão (reencarnação).
"Acreditamos que a situação de vida que
a alma terá depende de como a pessoa viveu no nosso mundo. Não são dois mundos
diferentes porque o tipo de vida levado aqui afeta a vida no olam. Cada alma
está na terra por alguma razão e tem uma missão a cumprir", diz o rabino.
Rituais:
Apesar de acreditar que a alma seja eterna,
os judeus sentem a dor da perda e acreditam que ela deve ser expressa de várias
maneiras.
Quando um judeu morre, há um ritual chamado
de tahará (purificação), no qual o corpo é lavado pelo chevra kadisha (grupo
sagrado). Os judeus não permitem que seus mortos passem por autópsia.
Depois de lavado, o corpo é envolvido em
panos brancos e o caixão é fechado para que ninguém mais o toque. O enterro
deve ocorrer o mais rápido possível.
"Tudo usado no enterro deve ser de
materiais simples, das vestimentas ao caixão, para não haver distinção entre um
e outro", diz o
rabino. Por isso não são usadas flores nem velas.
Não há cremação:
As leis judaicas não permitem que o corpo
seja cremado. "Tudo tem que voltar para a sua origem, da mesma
forma que a alma volta. Se o nosso corpo saiu do barro, da terra, a maneira
mais respeitável é colocá-lo de volta", afirma o rabino.
Cerimônias:
Junto do corpo, familiares e amigos rezam
salmos e partes da Torá (livro sagrado dos judeus). Os parentes mais próximos
rasgam um pedaço da roupa para mostrar o luto, que tem três etapas.
A primeira delas dura uma semana. Durante
este período, os parentes mais próximos não saem de casa nem para trabalhar. A
roupa rasgada usada no enterro não é trocada durante a primeira semana. Não há
cuidado com o corpo porque a preocupação é voltada apenas à parte espiritual.
Por isso, todos os espelhos da casa são cobertos.
Na primeira etapa, todos os amigos e
familiares visitam a família que está de luto e conversam sobre a pessoa que
morreu. "Não é saudável fazer de conta que nada aconteceu.
Acreditamos que as pessoas tem que demonstrar seus sentimentos", diz.
Até o final da segunda etapa do luto, que
acaba depois de 30 dias, os homens não fazem a barba e os cabelos também não
podem ser cortados. O luto termina no primeiro aniversário de morte, mas a
pessoa sempre é lembrada na data de morte por todos os anos seguintes.
PROTESTANTISMO
Significado:
Os protestante acreditam que a morte é apenas
uma passagem para outra vida e não aceitam a reencarnação.
"O movimento protestante acredita na
próxima vida, mas em comunhão com Deus. Falar na vida eterna da alma é limitado
porque acreditamos na ressurreição do corpo", diz o pastor da Igreja Metodista Fernando
Marques.
Céu e Inferno:
Para os protestantes, existe o céu e o
inferno. O julgamento ocorre não pelas ações da pessoa em vida, mas pela fé que
ela teve na palavra de Deus e pelo amor ao Senhor.
Rituais:
Os rituais de velório e enterro são
semelhantes aos dos demais religiosos. No entanto, quando um protestante morre,
o velório é feito em função da família e não para o morto. O mais comum é que o
velório ocorra na igreja, mas também pode ser feito no próprio cemitério.
Os seguidores do protestantismo não usam
velas, apenas flores. O ritual, chamado de Liturgia para Ofício Fúnebre,
costuma ser feito pelo pastor, mas na ausência dele um leigo pode fazê-lo. A
participação da comunidade é muito importante. São feitas leituras bíblicas e
orações espontâneas.
O corpo do morto, de acordo com as tradições
protestantes, pode ser cremado ou enterrado. Se for enterrado, no cemitério o
corpo é acompanhado até o túmulo, onde a família recita um versículo da bíblia
e o pastor faz uma breve despedida.
Diferentemente da Igreja Católica, não há
celebrações após a morte. Se a família desejar, pode fazer um culto de gratidão
a Deus pela vida da pessoa, mas não é uma norma.
Os protestantes não têm imposição quanto ao
luto.
Fonte: Folha Online
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